Reflexões sobre a Psicanálise Contemporânea: Encontro com Fernando Urribarri
- Jéssica Domingues
- 3 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 6 dias
No último final de semana, tive a feliz oportunidade de participar de um evento na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), onde assisti a duas aulas ministradas pelo psicanalista Fernando Urribarri com o objetivo de refletir sobre a Psicanálise Contemporânea. Um dos principais nomes ligados ao pensamento de André Green. Urribarri é conhecido como discípulo de André Green, foi amigo íntimo e acompanhou de forma muito próxima a construção de seu pensamento clínico. Contudo, Urribarri no evento dia 28 faz questão de frisar que seu verdadeiro mestre é Cornelius Castoriadis[1], quem ele respeita e admira profundamente. Para ele Castoriadis é um autor imprescindível na formação de psicanalistas, citando, por exemplo, a visão crítica de Castoriadis frente aos textos sociais de Freud e também suas diferenciações entre momento originário e primário no psiquismo.
Urribarri trouxe questões fundamentais sobre os desafios da psicanálise na atualidade e a subjetivação em nossa cultura. O primeiro dia do evento foi dedicado ao tema "Face a Face com Narciso: A Clínica Atual da Estranheza". Neste encontro, Urribarri elucidou manifestações do sofrimento psíquico contemporâneo, muitas vezes ligadas a questões da ordem da identidade, e refletiu como a psicanálise pode oferecer caminhos em tempos de excessos imagéticos e esvaziamento subjetivo.
No segundo dia, o foco foi "Os Desafios da Clínica Contemporânea", onde refletimos sobre as novas configurações do mal-estar psíquico e as implicações do analista frente a um cenário clínico cada vez mais desafiador. A partir da articulação entre teoria e prática, Urribarri convoca o lugar do analista diante das manifestações do negativo e dos limites da analisabilidade. Tendo sempre em vista o enquadre interno e de como a contra-transferência é sim um instrumento valioso no processo analítico, mas que ela própria também deve estar sujeita ao enquadre.
Entre tantas reflexões instigantes, um ponto que se destacou foi a relação entre o narcisismo primário, pulsão de morte e enquadre interno, temas centrais na obra de André Green e resgatado por Urribarri para pensar a clínica psicanalítica atual. A dificuldade de subjetivação, que se expressa na fragilidade dos laços e na dificuldade de simbolização, aponta para a necessidade de repensarmos a escuta analítica e seus dispositivos técnicos.
Além do enriquecimento teórico e clínico, o evento foi também uma experiência de troca valiosa com outros profissionais da psicanálise, reforçando a importância do debate e da constante revisão da nossa escuta clínica.
E, para completar a experiência, trouxe comigo um livro autografado por Urribarri, um registro simbólico desse encontro memorável
[1] Cornelius Castoriadis foi um filósofo, economista e psicanalista francês

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